“...me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar...”
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Autor: Jefferson Duarte
A Origem:
Surgiu nos fins da idade média, sobretudo na França, Itália,
Inglaterra e Alemanha. A renda chegou ao Brasil no século XVIII, através das
famílias portuguesas colonizadoras, um oficio praticado pelas moças de fino
trato foi resignificado pelo povo brasileiro
“Olê muié rendeira, oie Mulé rendá…”
A mulher rendeira faz parte do imaginário popular brasileiro
e é, desde muito, transmissora de um conhecimento que, mesmo não fazendo parte
do que se considera educação formal, ela existe e tem sua importância social.
Este conhecimento permeia a história de muitas famílias de mulheres que ainda
tentam transmiti-lo para as novas gerações. Daí a necessidade de entendimento
de um cotidiano que, além de tradicional, alinha-se e se insere às necessidades
do mundo de mercado sendo, ao mesmo tempo, trabalho de mulheres e modo de
produção de riqueza.
O ofício de rendeira proporciona uma viagem ao imaginário
feminino são mulheres que tecem o dia a dia com finos fios. A força que emana
da tradição de tramar as linhas é real. E o fio que conecta essas mulheres,
entre gerações de uma mesma família, é que parece torná-las o que são: mulheres
que lutam bravamente e que, ao mesmo tempo, desempenham um ofício minucioso e
delicado. Com paciência e maestria seguem fazendo a renda da mesma forma que
outras muitas gerações de mulheres de sua família já faziam, mas revisitam e
atualizam as formas e os pontos que fazem hoje. De modo que estão, ao mesmo
tempo, com um pé no passado e outro no presente.
Algumas rendeiras trabalham em grupo; conversam, cantam,
fumam. “Quando você está na almofada, menino chora, panela queima, marido
briga, você se esquece do mundo.” Ela vira o rosto e se concentra para terminar
mais um ponto.
Renda de Bilros
As diversas RENDAS:
Há duas categorias de rendas: uma produzida com o auxílio de
bilros. Outra é confeccionada com o uso de agulhas, como é o caso da renda
renascença, o filé e o labirinto. Em outros casos, há agulhas especiais, como
para produzir crochê e tricô. Tanto a renascença como a renda de bilro é
produzida em cima de almofadas.
Filé
(Salgado de São Félix, Paraíba)Esta técnica milenar encontra-se difundida sobretudo nos
estados de Alagoas e Ceará. O filé surge a partir de uma rede simples, composta
de malhas e de nós, e por isso é também denominado “rede de nó”, seguindo a
técnica de confecção da rede de pescador, que lhe serve de inspiração.
Renascença
(Jataúba, Pernambuco)A renda renascença é uma técnica têxtil que teve sua origem
na ilha de Burano, em Veneza, Itália, no século XVI. É confeccionada com
agulha, linha e lacê de algodão. Em uma primeira etapa, faz-se o desenho sobre
papel, que é preso sobre a almofada. O lacê é então afixado sobre o papel com a
ajuda de alfinetes e entremeado pelos diferentes pontos da renda. Cada ponto é nominado segundo elementos da natureza,
comidas, ou expressam na renda sentimentos e esperanças de quem os criou:
aranha, abacaxi, traça, cocada, xerém, amor seguro, laço, sianinha, malha e
amarrado.
Irlandesa
(Divina Pastora, Sergipe)
A renda irlandesa, ou ponto de Irlanda, surgiu na Europa,
possivelmente no norte da Itália, em torno dos séculos XVI ou XVII. Sua
tradição foi mantida nos conventos da Irlanda, de onde se difundiu para
diversas partes do mundo. No Brasil, este tipo de renda é executado há várias
gerações pelas artesãs sergipanas de Divina Pastora, fazendo parte do seu
patrimônio cultural. Caracteriza-se pelo uso de lacê, um cordão sedoso o que a
diferencia da renda renascença. É elaborada com linha e agulha que, seguindo o roteiro
de desenhos feitos em papel grosso e que é preso em almofada, perpassam os
meandros e os florões delineados com o lacê, formando assim uma variada
combinação de pontos.
Labirinto
(Ingá, Chá dos Pereira, João Pessoa, Serra Redonda, Juarez Távora – Paraíba O labirinto (ou crivo) é um tipo de renda de agulha e tem
como caracteristica o fio desfiado preliminarmente, o qual é tecido com linha,
seguindo os desenhos estabelecidos. O processo de feitura possui 6 etapas:
escolher o tecido e tirar a metragem; riscar o desenho; desfiar o tecido; fazer
o enchimento; torcer e perfilar.
Renda
de Bilro Diversos são os “pontos” preparados: abacaxi, folha em
renda, cocadinha, não-me-deixe, mata-fome, quadro, margarida, coração, palma,
ziguezague, trocado, trança, trocadinho, matachim, aranha, meus olhos,
escadinha de Cupido etc. etc. etc.
A renda de bilros é feita sobre uma almofada com enchimento
de crina, serragem ou algodão; tal amofada é em geral recoberta de tecido cujas
cores não agridam a vista. A almofada pode ser presa num suporte de madeira,
mas há rendeiras que simplesmente a apóiam numa cadeira ou banquinho. A
almofada é a base sobre a qual se executam as rendas e nela se prende o cartão
com o esquema em cima do qual irão se trançando os bilros, ‘a medida que se
prendem os compassos com alfinetes. Os bilros são uma espécie de haste de
madeira provida de uma cabecinha numa das extremidades. Sobre ela enrola-se a
linha para fazer a renda. Os bilros são sempre utilizados aos pares.
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